coração (2021)

Desenhado em tinta preta — símbolo de sua intensidade mística — um coração se formou entre movimentos livres de significado prévio. No momento exato da concepção de cada linha, elas operavam como significantes solitários, suspensos de sentido.

Entretanto, a contemplação das unidades criou conjunto. As linhas compõem uma cadeia e, apenas assim, a nomeação — farol para o sentido — se concretiza. Já com o caminho iluminado, ainda que tortuoso, é possível tornar o abstrato em conceito de figura, e assim demandá-la de conteúdo.

Feito em nanquim, o preto caminha entre a penumbra e a noite completa — suas variações de cor e traço ocultam os mistérios de um coração pujante.